terça-feira, 29 de março de 2011

Invisível aos olhos


Era uma vez uma garota. Ela tinha 20 e poucos anos. Seus cabelos eram castanhos assim como seus olhos. Sua boca rosada tinha uma pequena cicatriz, quase invisível. Sua pele era branca e seus olhos expressivos. Tão expressivos que se olhássemos atentamente quase era possível saber e entender tudo que se passava dentro dela. Ela tinha muitos sonhos. Ela lia muitos livros. Ela via muitos filmes. E os via pra entender como aquelas pessoas conseguiam realizar seus sonhos. Ela lia os livros e olhava pela janela do seu quarto, e percebia que o mundo não era tão organizado como aquelas páginas. Quando algo improvável, muito grande ou muito belo acontece, temos o costume de dizer que aquele fato parece mentira, que parece coisa de cinema... Mas ela não. Ela pensava consigo mesma que a vida não é como o cinema. É melhor! 
Há quem acredite que essa vida é uma de várias que estão por vir. Há quem acredite que só temos essa e pronto, o passo seguinte é a eternidade! E ainda existem pessoas que não acreditam em nada, na verdade elas acreditam que são frutos do acaso. Mas se temos várias vidas, porque viver essa então? Porque dar valor a vida se ela nunca acaba, se ela se repete, se pagamos e pagamos e pagamos por nossos atos por tempo indeterminado? 



Essa garota acredita na vida! Ela acredita que cada dia é precioso porque ele não se repete, ele é único, e vale a pena saboreá-lo com atenção e devoção.  Em um dia comum, como em qualquer outro, ela abriu seus olhos pela manhã, levantou-se para ver que horas eram, e atrasada saiu, como quase todos os dias ela fazia. Ela morava sozinha, em um apartamento simples no centro da cidade, e como todos os dias ela saiu com uma maça na boca e outra na bolsa. Como em todos os dias ela foi à faculdade, almoçou, estudou e voltou para casa. Era um dia como os outros... Ela sabia que esse dia, tão carregado de rotina e simplicidade poderia ser o último, e por isso, ela se entrega a ele, como um musico se entrega totalmente tocando seu instrumento. Tocando sua canção preferida para os seus amigos preferidos. Ela se acostumou com a solidão aprendeu a conviver com ela, isso não a atrapalha mais... Na verdade a ajuda, ela reflete, descansa, e se expressa!



Quanto tempo nos resta? Quem sabe...
Temos tempo o bastante pra vivermos tudo que sonhamos? Nunca saberemos....
Conheci um monge Beneditino que sempre dizia: "Só uma porta a vida tem, enquanto a morte tem cem." E o mais engraçado era que ele sempre me passou a sensação de que a vida pra ele era meio sem valor, sabe? Que ele não se importava tanto. Mas na verdade, por dar tanto valor a essa única porta, ele a vivia com simplicidade, com amor, com leveza. Ah! Como nos falta leveza... O peso da responsabilidade sempre nos arrasta pro chão sem piedade. E nos tornamos avarentos, possessivos, arrogantes, complicados, orgulhos e frios.
Quem conhece essa jovem de 20 e poucos anos sabe que ela é diferente... Ninguém sabe explicar o que é e onde é diferente. Não sei se é em seus olhos, ou em seu sorriso. Será que é na forma com que fala? Talvez na forma com que sente. Não sei... Não sabemos! Acho que ela é a mistura de vários sonhos.
Mas o que sei é que, ela pode ser o que quiser no mundo, como cada um de nós podemos ser o que quisermos, o que sonharmos! Santa Rita de Cássia sempre dizia para acreditarmos no impossível e Deus o fará. Eu acredito nessa frase, não só porque Santa Rita fez brotar rosas em um cabo de vassoura que ela regava por obediência todos os dias; ou porque o seu corpo está intacto a mais de 100 anos; não é por isso...! É só porque eu acordei hoje com a certeza que só porque eu não consigo enxergar o impossível, não quer dizer que ele não esteja lá. É porque eu acordei hoje na esperança que só porque eu acredito de todo meu coração Deus é capaz de realizar os sonhos que sonhei junto Dele. É só porque eu acordei hoje com fé.
Não podemos esquecer que "o essencial é invisível aos olhos", e se o Antoine de Saint-Exupéry me permite, ouso completar essa frase dizendo que além de ser invisível é lindo!


Já contei: O Oceano Atlântico é mais salgado que o Pacífico. Eu tenho todos os livros com todas as tirinhas do "Calvin e Haroldo". Não se acha a paz evitando a vida!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Paraíso terrestre

Quase todo mundo sabe que eu estou fazendo um curso super intensivo de francês na Aliança Francesa aqui no Rio, e depois de cada aula, de cada dia que fico mais perto de ir pra Europa, eu percebo o quanto amo a língua francesa, e o quanto ela é difícil também... Mas... C'est la vie! 
Ao mesmo tempo que me assusta aprender francês, isso também me apaixona, porque minha nova vida na França se aproxima, e só de pensar nisso eu...( uhuuuuu!!!)
Conheci um padre no Ceará que dizia que o céu existe, que o paraíso nos espera, porém devemos ter também um paraíso terrestre. Um lugar onde nos encaixamos, onde tudo é possível, e depois de cada pesquisa que faço sobre Paris, eu acho que é lá!



Paris é o meu paraíso terrestre... Pra alguém que sempre quis falar francês o que poderia ser melhor do que Paris? Cada fez que vejo alguma foto, ou assisto a um filme que se passa lá, sinto como se alguém tivesse inventado essa cidade só pra se adequar às minhas expectativas. Onde todo mundo (até as crianças, os vendedores, os atores nos comerciais!) fala esta língua mágica. Imagina!
E quando eu estiver lá eles até vão se dar o trabalho de imprimir jornais em francês. Só pra me agradar... Eles não se importam!



Sabe aquela história que contam sobre a águia e seus filhotes? É, a história da águia! Ela diz que a águia pega os seus filhotes, no pico mais alto, na beirada do ninho e o empurra, e só assim ele aprende a voar.
Eu estava pensando sobre essa história. Sobre como se sente essa águia e o seu filhote...
Ao sentir a resistência do bichinho, com certeza o coração dela se acelerou. Por que a emoção de voar tem que começar com o medo de cair? Apesar de tudo, a águia sabia que aquele era o momento. 
Enquanto não aprenderem a voar as pequenas águias não compreenderão o privilégio que é nascer águia.
Então, ela se enche de coragem. O empurrão era o maior presente que ela poderia dar ao seu filhote. Era seu maior ato de amor. E se precipitando para o abismo ele voou.



Eu me sinto assim diante das mudanças que ocorrerão nesse ano. Me sinto assim também diante das exigência desses meses que antecedem minha viajem. Me sinto sendo jogada de um abismo... Com medo... E feliz... Feliz porque vou voar... Feliz porque tenho asas!


Ja contei: Rir durante o dia faz com que você durma melhor a noite. Os ratos não vomitam. "J" é a única letra que não aparece na tabela periódica. Sou alergica a camarão (infelizmente!) Se você tem asas é porque pode voar!